As datas comemorativas, no contexto educativo do Brasil, tornaram-se eventos que visam, a princípio, valorizar movimentos cívicos, históricos ou de conteúdo lúdico, de maneira a complementar as disciplinas e atividades escolares. Certas datas, embora tenham um forte apelo comercial que, de certa forma, seriam irrelevantes para o contexto escolar, marcam bastante a vida de uma criança; o Natal, a Páscoa, o primeiro dia de aula, o último também, Festa Junina, Dia das Crianças, o aniversário... E para cada uma dessas datas a criança cria uma expectativa, uma fantasia carregada de ansiedade, porque que a data em questão passa muito rápido, dura apenas um dia.
Talvez por isso a expectativa acabe se estendendo em boas lembranças quando o tal dia comemorativo chega ao fim.
Nesse sentido, a escola tem um papel fundamental no que diz respeito a esses sentimentos infantis, uma vez que, comemorando coletivamente essas datas, potencializa a fantasia dos pequenos e favorece em muitos aspectos um melhor aprendizado, a interação e a sociabilidade entre alunos e educadores, além de criar um senso de colaboração entre a comunidade, incluindo as famílias. É, portanto, de suma importância que a escola observe com cuidado quais datas seriam mais interessantes, visando projetos escolares que colaborem com o conteúdo escolar, sem cair no senso comercial e consumista. Pensando nisso, escolhemos quatro datas deste primeiro bimestre, em que o carro-chefe, falando em crianças, é, sem dúvida, a Páscoa, seguida de várias comemorações ecológicas como o Dia Mundial da Água, Dia do Planeta Terra, a Hora do Planeta, finalizando o mês de março, além de datas cívicas como o Dia do Índio e Descobrimento do Brasil, em abril. Lembro-me de que em minha fase escolar, meu colégio ganhava uma bonita decoração em várias partes, desde a fachada do prédio, os corredores, o pátio, as portas das salas, as lousas e até as carteiras para celebrar tais datas, numa manifestação de respeito e consideração. Contudo, a ideia na época era muito diferente do que acontece hoje, pois comemorávamos a importância daquela data, como por exemplo, o Dia da Independência ou Inconfidência Mineira, como símbolos vitais de uma nação que, na ocasião, estava sob uma forte ditadura militar.
Hoje, o que se percebe é que, aliado à comemoração, sobretudo a cívica, ocorre uma associação a certos ídolos, por exemplo, do futebol, como nação forte frente a outros países. Nesse sentido, é importante que a escola coloque aos alunos que as comemorações devem seguir uma linha que vise um acompanhamento do desenvolvimento de seu país no sentido de crescimento, e que é esse crescimento que vai acolher os alunos no futuro. Ou seja, comemorar as datas com o objetivo de formarem cidadãos críticos, participativos das vivências escolares e integrados ao meio social em que vivem, capacitando-os a enxergar boas perspectivas de uma carreira bem escolhida, sem com isso perder a fantasia, a ludicidade e a alegria de um convívio escolar harmonioso nem tampouco deixar de torcer por seu país em disputas desportistas que, embora não tenham relevância para o conteúdo disciplinar, ajude a criar um senso de competição respeitosa às crianças. Se as escolas fizerem esse importante papel de formar cidadãos preocupados com o futuro de seu país de maneira a integrar o social, o cultural, a tecnologia e o fator humano, essa visão global tende a formar jovens bem preparados, mais críticos e menos consumistas.
Finalizamos por aqui, desejando boas comemorações, com grande entusiasmo nos estudos!